Princípios de Design Instrucional - EDU621 - 1.1

Conceito e Histórico do Design Instrucional

Conteúdo organizado por Deborah Costa e Zuleica Ramos Tani em 2022 do livro Design Instrucional na Prática, publicado em 2008 por Andrea Filatro, pela editora Pearson Universidades.

Conceito e Histórico do Design Instrucional

Objetivos de Aprendizagem

Introdução

O Ensino a distância tem seu primeiro registro histórico em 1728 no ensino por correspondência. O material chegava nas residências no formato impresso e trazia o conteúdo a ser estudado. O prof. Caleb Phillips, em Boston, no estado americano de Massachusetts, passa a oferecer o curso de Taquigrafia, a arte da escrita em códigos, em aulas a distância.

A partir dessa iniciativa, outras experiências foram realizadas, tornando-se viável a criação de Institutos de Educação baseados no ensino por correspondência. Importante lembrar que a demora em receber o material em casa era motivo de expectativa. 

De acordo com Freitas (2014, 58):

O ensino a distância durante muito tempo foi entendido como uma forma do chamado ensino não-tradicional ou como uma modalidade do ensino independente, no qual o estudante ou cursista tem certo grau de autonomia para decidir tempo e local de estudos.

Desde o início, as características do aluno foram representadas pela autonomia, pela flexibilidade de  tempo para dedicar aos estudos e a pesquisa individual, direcionada aos interesses pessoais.

Um aspecto a ser apresentado é a não aceitação, durante muito tempo, desta modalidade pelos acadêmicos tradicionais que viam (e alguns continuam vendo) a modalidade a distância com ressalvas. Encontramos educadores que acreditam apenas na efetividade do modelo tradicional e que hoje estão sendo envolvidos pela obrigatoriedade de implantação de modelos híbridos.

Com a pandemia iniciada em 2020, não houve espaço para a discussão sobre a efetividade ou não dos modelos híbridos. Em função das condições de isolamento social, foi necessária a implantação imediata do ensino remoto, afinal o ensino não poderia simplesmente parar por tempo indeterminado.

Todas estas mudanças destacaram a importância dos profissionais para elaboração do material específico do EaD. Os conteúdos para o ensino a distância vão além da transposição do material usado no ensino presencial. É preciso estruturar uma trilha de aprendizagem, escolher uma metodologia, criar uma apresentação visual, verificar a acessibilidade e tantos outros pontos de atenção na criação de conteúdos para esse momento educacional. O profissional de Design Instrucional possui uma visão holística do projeto que favorece sua execução. 

Conceito de Design Instrucional

O ponto em comum entre os estudiosos de Design instrucional é a abrangência do conceito.

Para Savioli (2020, 19): 

O Design Instrucional é responsável por criar experiências de ensino que sejam adequadas a recursos de aprendizagens, sendo eles tecnológicas ou não, levando em consideração uma análise de público e objetivos de aprendizagem.

O primeiro fator a se destacar ao pensarmos em design instrucional é a identificação do público-alvo. Percebe-se a importância de direcionar o olhar para a caracterização do(a) aluno(a) objetivando entender a forma como aprendem e o que se espera como resultado deste aprendizado.

Seguindo o raciocínio de Filatro (2020, 7):

Como ponto de partida para compreender o que é design instrucional, consideramos que design é o resultado de um processo ou atividade (um produto), em termos de forma e funcionalidade, com propósitos e intenções claramente definidos, enquanto instrução é a atividade de ensino que se utiliza da comunicação para facilitar a aprendizagem. (...) definimos design instrucional como a ação intencional e sistemática de ensino que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de promover, a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos, a aprendizagem humana. Em outras palavras, definimos design instrucional como o processo (conjunto de atividades) de identificar um problema (uma necessidade) de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma solução para esse problema.

Nesta definição, vemos o direcionamento da ação para o planejamento, desenvolvimento e aplicação intencional com o passo a passo desenhado. Existe uma preocupação com o desenvolvimento de propostas que estejam alinhadas com a promoção da “aprendizagem humana”. Neste sentido, conhecer as teorias de aprendizagem fornecerá subsídios para o trabalho do designer instrucional que compreenderá como as pessoas aprendem. 

Deve-se destacar que não é função do designer instrucional conhecer o conteúdo das atividades. A função é de facilitar o processo de ensino e viabilizar ferramentas para que o resultado seja alcançado.

Filatro (2020) destaca que as soluções educacionais, quanto a sua abrangência, serão categorizadas em três níveis: 

Nível Macro: é o gerenciamento do projeto e da organização na qual será aplicado. Aqui entram as políticas pedagógicas, objetivos de aprendizagem, e definição de ferramentas.

Nivel Meso: é a estruturação do projeto educacional propriamente dito levando-se em conta o público-alvo e os conteúdos a serem abordados.

Nível Micro: é o momento de elaboração do material, criação de recursos educacionais para a aplicação que favoreça a aprendizagem individual, considerando o perfil traçado.

Evidencia-se a preocupação constante com o público-alvo e com a padronização e qualidade dos conteúdos a serem produzidos para o ensino a distância.

Histórico

O design instrucional surge como uma demanda da Segunda Guerra Mundial. A necessidade de treinar soldados para as batalhas levou à criação de um padrão de produção de treinamentos e instruções que garantisse que todos recebessem o mesmo conteúdo, com a mesma qualidade.

Aplicado inicialmente para a produção de cursos presenciais, retomando a criação de cursos por correspondência, até chegarmos aos cursos online, o design instrucional evoluiu no tempo. 

Com o passar das décadas, o avanço das tecnologias e a globalização ampliaram as fronteiras e as oportunidades, permitindo que se trabalhe de qualquer lugar e se estude da mesma proporção. Os limites geográficos caíram e a realidade exige cada vez mais profissionais especializados na concretização de projetos educacionais.

Palloff e Pratt (2013) analisam:

Há um mito existente no mundo do ensino online desde o seu início. O mito afirma que é fácil ensinar online – tudo o que é preciso fazer é levar exatamente aquilo que está sendo feito na sala de aula face a face para a sala de aula online

O mito estava presente no início dos primeiros cursos realizados por correspondência, afinal era a única forma que sabiam e tinham como ferramentas de transmissão de conhecimento para pessoas distantes dos centros educacionais.

Hoje, percebe-se a importância de planejar e desenvolver atividades que realmente sejam significativas para o processo de aprendizagem.

O Design instrucional leva em consideração os aspectos de quem estuda, considerando (Savioli, 2020): 

A função do Designer Instrucional vai além do papel do professor, do tutor e do conteudista. Filatro (2004, 65) enfatiza que a profissão envolve:

(...) a ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos.

saiba mais

O Papel do Design Instrucional 

Materiais Complementares: 

Design Educacional construtivista: O papel do Design como Planejamento na Educação a Distância.

Designer Instrucional para educação: o que está por trás desta profissão?

Em resumo

Neste tema, apresentamos o histórico e o conceito de design instrucional abordando sua importância na produção de cursos. Com o passar dos anos, o design instrucional trouxe diferencial entre um curso para se passar apenas o conteúdo e um curso para construir conhecimento. No próximo tema, apresentaremos a forma como o mercado de trabalho visualiza e contrata o profissional de design instrucional. 

na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

Filatro, A. (2020). Design Instrucional na Prática. Pearson Prentice Hall.

Freitas, L C. (2014). Avaliação educacional: Caminhando pela contramão. São Paulo: Vozes.

Palloff, R. M. e Pratt, K. (2013). O Instrutor Online: Estratégias para a excelência profissional. Tradução: Fernando de Siqueira. Porto Alegre: Penso.

Savioli, C e Torezani, G. (2020). Design Instrucional e Negócio Digital: Como planejar, produzir e publicar um negócio virtual educacional. Brasília: Clube de Autores.

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Conceito e Histórico do Design Instrucional

Imagens: Shutterstock

Livro de Referência:

Design instrucional na prática

Andrea Filatro

Pearson Universidades, 2008

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